11/07/2024 | News release | Archived content
Mais de 200 especialistas de Honduras, El Salvador e Guatemala e de outros países da região participaram da capacitação promovida pela Cooperação Internacional Brasil-FAO sobre tecnologias adaptadas para enfrentar a escassez de água na agricultura.
Cidade do Panamá - No âmbito do projeto Inovação para a Redução de Riscos Agroambientais em Países do Corredor Seco Centro-Americano - Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) e Gestão de Recursos Hídricos, foi realizado um ciclo de quatro oficinas virtuais sobre tecnologias e inovações sociais para a gestão de recursos hídricos em áreas de seca. O projeto é implementado conjuntamente pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), no contexto do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.
Este ciclo de capacitação contou com a participação de cerca de 200 representantes de instituições governamentais dos países da região do Sistema de Integração Centro-Americana (SICA) e de organismos internacionais ligados ao tema de gestão de recursos naturais e agricultura.
A analista de projetos da ABC/MRE, Mariana Falcão, destacou a importância desses encontros para compartilhar as experiências do Brasil, ressaltando-as como uma ferramenta-chave no contexto da cooperação internacional.
Para Pedro Boareto, coordenador regional do projeto "Iniciativa América Latina e o Caribe sem Fome 2025", no qual se insere esta série de atividades, as experiências compartilhadas nessas oficinas representam um exemplo valioso de como é possível gerar capital social para organizar os agricultores de maneira articulada com o acesso a tecnologias. "As inovações e tecnologias devem estar vinculadas a uma estratégia de desenvolvimento territorial e articuladas com os sujeitos no território, para que as soluções estejam adaptadas às suas realidades", afirmou Boareto.
Boas práticas para convivência em zonas áridas
O Corredor Seco Centro-Americano abriga cerca de 10,5 milhões de pessoas, das quais 50% vivem em condições de pobreza, enquanto quase dois milhões de famílias dependem da agricultura de subsistência e enfrentam riscos constantes de insegurança alimentar. No Brasil, a região semiárida representa 12% do território nacional e conta com aproximadamente 28 milhões de habitantes distribuídos entre áreas urbanas (62%) e rurais (38%), sendo um dos semiáridos mais povoados do mundo.
Durante o desenvolvimento das quatro oficinas, que contou com o apoio técnico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), foram abordados temas como a captação de água da chuva e estudos de solo, tecnologias para o reuso de águas cinzas no Semiárido brasileiro, tecnologia de barragens subterrâneas e o "Sisteminha da Embrapa", uma estratégia de produção sustentável para o Semiárido do Brasil.
Durante o ciclo, os pesquisadores que facilitaram a discussão explicaram sobre o processo de desenvolvimento e implementação das diferentes inovações, destacando a importância de que cada solução seja adaptada às realidades locais. O pesquisador Flávio Marques, da Embrapa Solos, enfatizou a relevância do manejo cuidadoso do solo, recurso não renovável, para otimizar a produção e os benefícios gerados pelas diferentes tecnologias.
A equipe técnica destacou a importância do conceito de convivência com a seca, no sentido de que as soluções tecnológicas estejam conectadas com as dinâmicas sociais dos territórios que enfrentam situações de escassez hídrica. Júlia Rosas, da Articulação do Semiárido (ASA), ressaltou esse componente essencial ao apresentar a trajetória da Rede ASA, e como as tecnologias sociais permitiram a democratização do acesso à água, à luz das oportunidades que o Semiárido oferece para agricultores e agricultoras.
O próximo ciclo de oficinas no âmbito da agenda de fortalecimento de capacidades desta iniciativa de cooperação será realizado nos dias 26 de novembro e 11 de dezembro, onde serão abordadas políticas e experiências de acesso a financiamento para a agricultura familiar, com destaque para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e as experiências de operações financeiras do Banco do Nordeste (BNB) do Brasil e da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes).