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IDB - Inter-American Development Bank

11/14/2024 | Press release | Distributed by Public on 11/14/2024 09:36

O crescimento das exportações de bens na América Latina e no Caribe enfrenta riscos embora os serviços continuem a se expandir

  • O aumento do volume e a estabilização dos preços explicaram a recuperação das vendas externas de bens.
  • As exportações de serviços continuaram a crescer.
  • O aumento dos fluxos extrarregionais foi neutralizado pela contração dos fluxos intrarregionais.

As exportações de bens do Brasil continuaram a crescer no primeiro semestre de 2024, embora a um ritmo ligeiramente inferior ao do ano anterior, segundo um novo relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelas exportações de petróleo e minério de ferro, além de produtos agroindustriais como açúcar, algodão e café.

Segundo o relatório, o agronegócio brasileiro - que engloba agricultura, insumos, serviços e a indústria agropecuária - conquistou uma participação considerável no PIB nos últimos anos: passou de 20,0% em 2018 para 24,0% em 2023, graças à modernização da agricultura decorrente de seu desenvolvimento tecnológico. Destaca-se o aumento da produtividade no setor por meio da adoção de práticas como plantio direto, tecnologias de adaptação de culturas e intensificação sustentável. Esses avanços resultaram em aumentos significativos na produção, posicionando o Brasil como o maior exportador mundial de soja, milho, café e açúcar, entre outros produtos relevantes.

No nível regional, o valor das exportações de bens da América Latina e do Caribe cresceu 3,2% em relação ao ano anterior no primeiro semestre de 2024, após cair 1,6% em 2023. A melhoria é resultado da aceleração do aumento das quantidades exportadas e da estabilização dos preços em relação ao ano anterior.

De acordo com a nova edição do relatório anual Monitor de Comércio e Integração "Desafiar a Tendência: O Potencial dos Serviços Baseados no Conhecimento", os indicadores mais recentes não confirmam a consolidação da recuperação das vendas externas da região.

O estudo revela que as exportações de serviços experimentaram uma leve desaceleração no primeiro trimestre de 2024, com um aumento de 9,5% em comparação com o ritmo médio de 12,2% em 2023, embora tenham continuado a crescer a uma taxa superior à média global de 7,1%.

"Após a recuperação pós-pandemia, as exportações de bens da América Latina e do Caribe retomaram uma trajetória de baixo crescimento, em um contexto de maior fragmentação global e alta volatilidade de preços, enquanto os serviços, especialmente os baseados no conhecimento, se destacam por sua resiliência e dinamismo", disse Paolo Giordano, Economista Principal do Setor de Integração e Comércio do BID e coordenador do relatório.

Após uma queda de 2,3% em 2023, no primeiro semestre de 2024 os preços das exportações da região caíram 0,5% em relação ao ano anterior, enquanto a taxa de aumento dos volumes exportados passou de 1,0% para 3,3%.

Os preços das importações (-3,1%) caíram mais do que os das exportações, o que melhorou os termos de troca.

A redução das vendas intrarregionais (-4,5%) neutralizou parcialmente o aumento das exportações para o resto do mundo (4,1%), e a participação do comércio intrarregional diminuiu, situando-se em 13,7% do total.

O relatório conclui que a região enfrenta um cenário externo caracterizado por alta incerteza e riscos de queda consistentes, associados a tensões geopolíticas, ressurgimento de políticas industriais e do protecionismo, impacto das mudanças climáticas e condições macroeconômicas ainda desafiadoras, que poderiam reprimir a demanda externa e acentuar a volatilidade dos preços das commodities.

O potencial dos serviços baseados no conhecimento

O relatório aprofunda a análise de longo prazo dos serviços baseados no conhecimento, entre os quais se destacam os serviços empresariais e de informática.

As exportações desses serviços na América Latina e no Caribe cresceram a uma taxa média anual de 4,7% na última década, superior à das vendas externas totais de bens e serviços. No entanto, foram menos dinâmicas em comparação com o resto do mundo (7,0%) e concentram-se em setores menos sofisticados, expostos ao impacto disruptivo da inteligência artificial.

Para aproveitar o potencial e desenvolver as exportações nesse segmento dinâmico do comércio global, a região deve superar desafios internos ligados às defasagens nos determinantes da produtividade, como capital humano, infraestrutura digital, clima de negócios e acesso a financiamento. Ela também precisa enfrentar as barreiras externas que restringem o acesso aos mercados internacionais e enfraquecem a competitividade.

O Monitor de Comércio e Integração 2024foi preparado pelo Setor de Integração e Comércio do BID.

EXPORTAÇÕES DE BENS DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE